domingo, novembro 07, 2010

Com melhor instinto, tenho menos liberdade?

Ai miserável de mim e infeliz!
Apurar, ó céus, pretendo,
já que me tratais assim,
que delito cometi
contra vós outros, nascendo;
que, se nasci, já entendo
qual delito hei cometido:
bastante causa há servido
vossa justiça e rigor,
pois que o delito maior
do homem é ter nascido.
E só quisera saber,
para apurar males meus
deixando de parte, ó céus,
o delito de nascer,
em que vos pude ofender
por me castigardes mais?
Não nasceram os demais?
Pois se eles também nasceram,
que privilégios tiveram
como eu não gozei jamais?
Nasce a ave, e com as graças
que lhe dão beleza suma,
apenas é flor de pluma,
ou ramalhete com asas,
quando as etéreas plagas
corta com velocidade,
negando-se à piedade
do ninho que deixa em calma:
só eu, que tenho mais alma,
tenho menos liberdade?
Nasce a fera, e com a pele
que desenham manchas belas,
apenas signo é de estrelas
graças ao douto pincel,
quando atrevida e cruel,
a humana necessidade
lhe ensina a ter crueldade,
monstro de seu labirinto:
só eu, com melhor instinto,
tenho menos liberdade?
Nasce o peixe, e não respira,
aborto de ovas e lamas,
e apenas baixel de escamas
por sobre as ondas se mira,
quando a toda a parte gira,
num medir da imensidade
co'a tanta capacidade
que lhe dá o centro frio:
só eu, com mais alvedrio,
tenho menos liberdade?
Nasce o arroio, uma cobra
que entre as flores se desata,
e apenas, serpe de prata,
por entre as flores se desdobra,
já, cantor, celebra a obra
da natura em piedade
que lhe dá a majestade
do campo aberto à descida:
só eu que tenho mais vida,
tenho menos liberdade?
Em chegando a esta paixão
um vulcão, um Etna feito,
quisera arrancar do peito
pedaços do coração.
Que lei, justiça, ou razão,
nega aos homens - ó céu grave!
privilégio tão suave,
exceção tão principal,
que Deus a deu a um cristal,
ao peixe, à fera, e a uma ave?

MONÓLOGO DE SEGISMUNDO
(LA VIDA ES SUEÑO, Ato I, Cena I)

de Pedro Calderón de la Barca

domingo, outubro 31, 2010

PontoX da questão!

Anos luz depois, vou atualizar... muitas coisas estranhas acontecendo na minha vida, muitos sentimentos novos e principalmente muitas, mas muitas tentativas de se engenhar uma fulga! E é sobre isto que vou postar: o amor! Separei algumas frases que achei muito interessante.

Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro."
Theophile Gautier

"Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que não é cego, não é amor.Honore de Balzac

"Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem."
Tom Jobim


"Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente."
M. Paglia


"Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor. Como as outras, ridículas..."
Fernando Pessoa



Tenho que admitir que não sei se já amei alguém de verdade, amor é um sentimento tão grandioso que, na minha opinião poucas pessoas sentem, eu nunca conheci um casal 'felizes para sempre', sempre tentei achar algum, mas sinceramente é difícil existir o amor utópico, sabe, aquele amor surreal, de filme mesmo, eu gostaria de ter algo assim na minha vida, acho que todos gostariam, mas nunca me dou a oportunidade, eu fujo! Se alguém sabe como parar de fugir, por favor me conte. É sério.



Espero que meus poucos leitores gostem! :)

quarta-feira, agosto 25, 2010

Isto está ficando melhor?
Ou você sente o mesmo?
Isto facilitaria as coisas
Se você achasse alguém para culpar?


Você diz um amor, uma vida
É o que uma pessoa necessita à noite
Um amor, nós temos que compartilhá-lo
Ele te abandona, querida, se você não cuida dele


Eu te desapontei?
Ou deixei um gosto ruim em sua boca?
Você age como quem nunca teve um amor
E quer que eu continue sem nenhum


Bem, é tarde demais esta noite
Para arrastar o passado à tona
Nós somos um, mas não somos iguais
Temos que carregar um ao outro, carregar um ao outro
Um...


Veio aqui pra obter perdão?
Veio aqui pra ressuscitar os mortos?
Veio dar uma de Jesus
Para os leprosos da sua cabeça?


Eu te pedi demais? Mais do que devia?
Você não me deu nada e isso agora é tudo o que tive
Nós somos um, mas não somos iguais
Bem, nós ferimos um ao outro e estamos fazendo de novo


Você diz
Que o amor é um templo, que o amor é a lei maior
Que o amor é um templo, que o amor é a lei maior
Você me pede para entrar, mas depois você me faz rastejar
Não posso me agarrar ao que você tem
Quando tudo que você tem é dor


Um amor, um sangue
Uma vida você teve para fazer o quê deveria.
Uma vida com um ao outro: Irmãs, irmãos
Uma vida, mas não somos iguais
Nós temos que nos carregar um ao outro, carregar um ao outro
Um


Composição: Bono Vox

terça-feira, agosto 17, 2010

...

Depois de uma semana e alguns dias bem tumultuados psicologicamente tive tempo de lembrar do meu querido blog! x)
Espero que gostem...


Meu coração e minha língua fizeram um trato: quando meu coração estiver enfurecido, minha língua guardará silêncio.
As palavras respondem aos sentimentos, e os sentimentos às idéias. Por isso nos será impossível dominar nossas palavras se não somos senhores de nossos sentimentos; e estes sentimentos irão se acalmando segundo a força de nossas idéias.
A um coração que não se domina, responderão palavras violentas e ferinas; a um coração fechado em si, sucederão palavras e atitudes que depreciam os demais.
Por conseguinte, cale-se quando seu coração não está sossegado e em calma; não fale, pois seguramente deverá arrepender-se do que disser ou, pelo menos, do modo como o disser, ou do momento em que o disser.
Se em geral o coração não costuma ser bom conselheiro, menos o será quando não estiver em paz e não se sinta senhor de si mesmo.


Alfonso Milagro

sexta-feira, agosto 06, 2010

Das Utopias

Só isto que vos digo hoje:
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!


Mario Quintana - Trecho do Poema Espelho Mágico

terça-feira, agosto 03, 2010

Depois de 3 dias na cidade de Nobres-MT parecendo estar em um reino encantado de peixes e coisas maravilhosas volto a vida de estagiária da Coprodia, mas isso somente até sexta, pois segunda estou voltando para o meu Rio Grande amado que estou com saudades. Bem, hoje resolvi postar a letra de uma música de gosto muito, apreciem, e não esqueçam, comentários são sempre bem vindos!

Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz


Composição: Marcelo Camelo

quarta-feira, julho 28, 2010

Mudança

"Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!"



Clarisse Lispector

sexta-feira, julho 23, 2010

Ah, Bukowski, o mestre dos mestres, o cara que sabe sempre o que se dizer, principalmente se o assunto é sexo, álcool e orgia. O cara é muito foda! Então aí está uma amostra deste trabalho que vale a pena ler mais e mais, sempre mais:

"Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas."


Charles Bukowski

quinta-feira, julho 22, 2010

Sem nome

O primeiro post se trata de algo que pode-se até se considerar uma crônica da autora Elisabeth Cavalcante, neste texto ela nos mostra algo relativamente simples sobre o amor, algo se é a verdade, algo que quase nunca existe (uma terceira dimensão).


"....O amor pode ter três dimensões.
Uma é a dependência; é o que acontece à maioria das pessoas. O marido é dependente da esposa, a esposa é dependente do marido; eles exploram o outro, eles dominam o outro, eles possuem o outro, eles reduzem o outro a uma mercadoria. Em 99 por cento dos casos, é o que está acontecendo no mundo. Eis porque o amor, o qual pode abrir os portões do paraíso, somente abre portões do inferno.

A segunda possibilidade é: amor entre duas pessoas independentes. Também acontece de vez em quando. Mas o que também traz miséria, porque há constante conflito. Nenhum ajustamento é possível. Ambos estão tão independentes, e ninguém está pronto para se comprometer, se ajustar com o outro.

Poetas, artistas, pensadores, cientistas, estes vivem em um tipo de independência, de qualquer forma, na mente deles, é impossível para as pessoas viver com. Eles são pessoas excêntricas para viver com. Eles dão liberdade para o outro, mas a liberdade deles se parece mais com indiferença do que com liberdade; parece mais como se eles não se preocupassem, como se não importasse para eles.

Eles partem cada um para seus próprios espaços. Relacionamento parece ser somente superficial. Eles estão com medo de ir fundo um dentro do outro - porque eles são mais presos a sua liberdade do que ao amor, e eles não querem se comprometer.

E a terceira possibilidade é de interdependência. Acontece muito raramente, mas uma vez que aconteça uma parte do paraíso cai sobre a terra. Duas pessoas, nem independentes nem dependentes, mas em uma tremenda sincronicidade, como se respirando um pelo outro, uma alma em dois corpos - quando acontece, o amor aconteceu. Somente chame isto de amor. Os outros dois não são realmente amor, eles são apenas arranjos - sociais, psicológicos, biológicos, mas arranjos. O terceiro é algo espiritual."


Elisabeth Cavalcante